Salmonelose na suinocultura: os impactos no campo e na saúde pública
- Fabíola Dias
- 31 de out.
- 2 min de leitura

A salmonelose apresenta uma importância significativa na suinocultura brasileira, afetando diretamente o desempenho produtivo das granjas e representando um risco significativo à saúde pública. Em uma avaliação do DIPOA (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal) em frigoríficos sob inspeção federal, 7,15% deles não estavam conformes com os níveis detectados de Salmonella spp.
Nos suínos, a infecção por Salmonella se manifesta principalmente por diarreia, desidratação, perda de peso e, em casos mais graves, morte dos animais. Entretanto, mesmo após a fase aguda da doença, os animais recuperados podem se tornar portadores assintomáticos, excretando a bactéria no ambiente e contribuindo para a perpetuação do agente infeccioso na granja. Esse cenário torna o controle da doença desafiador, exigindo ações integradas de biosseguridade, monitoramento sanitário e vacinação preventiva.
Riscos à saúde pública e segurança dos alimentos
A salmonelose também configura um problema de saúde pública, especialmente por seu potencial zoonótico. A contaminação de carcaças durante o abate ocorre principalmente por contato com fezes nos momentos de evisceração, favorecendo a transmissão de Salmonella ao consumidor final por meio de alimentos contaminados.
A presença desse patógeno de origem alimentar está diretamente associada a surtos de doenças gastrointestinais em humanos, podendo apresentar quadros graves em indivíduos imunossuprimidos. Isso evidencia a necessidade de ações coordenadas entre os elos da cadeia produtiva para garantir segurança do alimento e proteção ao consumidor.
Um outro fator alarmante no controle da salmonelose é o crescente desenvolvimento de resistência bacteriana aos antimicrobianos tradicionalmente utilizados no tratamento. Muitos antimicrobianos são oferecidos via ração e água, e a longa exposição das bactérias entéricas (inclusive Salmonella) a esses fármacos ao longo da vida do animal favorece o desenvolvimento de resistência.
Considerando a abordagem de Saúde Única, a excreção dessas bactérias resistentes no ambiente e sua presença nos produtos de origem animal se tornam um risco adicional à saúde pública, pois pode desencadear a disseminação de bactérias resistentes também nos seres humanos. Esse fenômeno compromete a eficácia terapêutica desses fármacos. Estudos demonstram que, em granjas brasileiras, já se observa uma alta taxa de resistência a amoxicilina, doxiciclina, florfenicol e tetraciclina, moléculas de primeira escolha para muitas infecções.
A vacinação como estratégia de controle de salmonelose
A vacinação tem se consolidado como uma ferramenta estratégica no controle da salmonelose em suínos. O uso de vacinas desenvolvidas com base em sorovares mais prevalentes, proporciona:
Redução da colonização intestinal por Salmonella;
Diminuição da excreção fecal, quebrando o ciclo de transmissão dentro da granja;
Aumento da imunidade coletiva no plantel, reduzindo a necessidade do uso terapêutico de antibióticos;
Proteção contra doença clínica e subclínica, que comprometem o desempenho zootécnico dos animais.
A eficácia da vacinação depende de uma abordagem integrada, aliada a medidas de biosseguridade, controle de roedores, qualidade da ração e manejo sanitário. Em pesquisas recentes, a aplicação de vacinas resultou em uma excreção fecal 112% menor que o grupo não vacinado. No momento do abate, os animais vacinados apresentaram uma positividade de apenas 2,5%, contra 17,5% do grupo controle.
Os resultados demonstram os efeitos positivos da vacinação tanto na granja quanto no frigorífico, o que representa uma estratégia sanitária que contribui tanto para a saúde animal quanto para a redução do risco para o consumidor.
Fonte: Boehringer-Ingelheim























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